.
.
Bom, para quem acompanha o meu blogue há mais tempo sabe que esse é o meu segundo desafio dos 30 dias. O primeiro era um desafio de 30 cartas, uma por dia… e a terceira carta do meu desafio era para os pais. Infelizmente, a carta não foi um sucesso. Minha mãe leu e ficou um tanto chateada, não sei bem porquê, quem quiser lê-la
clique aqui. Logo, essa carta será um pouco diferente.
Pais,
Vocês devem imaginar o quão difícil é escrever pra vocês. Quando eu era pequena (em todos os sentidos) as palavras simplesmente brotavam e eu correria pegar um papel e uma caneta, escrevia o que estava querendo lhes dizer e depois deixava em cima da cama de vocês. E esses dias, você Mãe, estava fazendo uma arrumação nas suas coisas e você tinha todos os meus bilhetinhos e cartinhas, inclusive os mais singelos e bobinhos, aqueles que a gente vê hoje e pensa “como eu fui capaz de entregar essa coisinha feia pra vocês”. Mas isso nunca importou pra vocês, o que contava era todo o sentimento e significado por trás de cada bilhete ou carta. Era um sinal de que lembrávamos de vocês, de que queríamos registrar tudo o que sentíamos. Hoje as coisas mudaram um pouco. Não há mais bilhetes, nem cartas. Mas continuam havendo palavras. Hoje é muito mais fácil chegar e dizer “eu amo vocês”. Eu sei que eu não preciso escrever essas três palavras num papel para que vocês se recordem delas.
Mas eu não vim aqui só pra relembrar o passado, quero falar do nosso presente, de como as coisas estão sendo nas nossas vidas. Dá pra imaginar que hoje, conversando com o Ian, nós ficamos falando de como é bom ter o nosso cantinho na casa dos pais. Fiquei me imaginando morando sozinha, assim como a Bia, está fazendo hoje (e tem se virado muito bem). Será que eu conseguiria? Eu acho que não é tanto questão de capacidade, e sim de conseguir ficar consigo mesmo, ser realmente independente. Eu sei que a Bia tem mais desprendimento dos pais do que eu. Felizmente (ou infelizmente, depende do ponto de vista) eu tenho um porto muito seguro em casa. Eu sei que a qualquer momento, a qualquer hora eu terei vocês dois do meu lado para me acalmar, me proteger e me dar segurança e afeto. Mas eu acho, que uma hora as coisas vão ser diferentes e eu vou ter que me acostumar a viver sem vocês. Às vezes eu queria fugir (porque eu tenho uma vida maravilhosa em casa, com vocês, eu digo) e poder viver por minha própria conta sabe… ter que pagar minhas contas sozinha, comprar ou alugar o meu próprio canto, ter as coisas por minha própria conquista… mas aí eu penso em todo o conforto que eu tenho em casa, aí eu penso que estou sendo acomodada. E sei lá, parece que é tudo uma bola de neve que eu não sei mais o que pensar. Então, pelo presente momento, continuo em casa, com vocês. Mas com um pézinho de ‘querer poder me bancar de verdade sozinha’. E mesmo pensando tudo isso, nunca se esqueçam daquelas três palavras.
Com amor,
filhota.
.